domingo, 16 de fevereiro de 2014

VIVER É UM RISCO




Viver é um risco para quem quer verdadeiramente amar. Em meio a tantos caminhos que exigem de nós, mais do que bondade, o amor é um desafio e a vida é um risco.  Os relacionamentos humanos carecem de uma verdadeira alteridade que nos coloca em constantes riscos.

Tantos são os sonhos e os compromissos que construímos e buscamos, que, em grande parte da vida, nós só corremos. Trabalhamos mais do que deveríamos, gastamos todas as nossas energias com questões mesquinhas e desnecessárias e, esquecemos que o ponto nevrálgico da vida é simplesmente tecer ternura e cuidar bem dela.

Perdemos tanto tempo querendo viver a vida dos outros, os problemas alheios e não vivemos a nossa própria vida. Ou, pior ainda, quando passando uma tarde inteira criando problemas para tentar solucioná-los no outro dia, perdendo noites de sonos com nossa ignorância, em sermos tão limitados e frágeis para não compreendermos o verdadeiro significado da nossa existência.

Cai-se a folha... Parte-se o sol... Murcha-se a flor... Chega-se a sabedoria! Este processo de vida não nos é indiferente em nenhum outro lugar deste mundo. Faz parte do ciclo. Tudo se renova ou, quando não dá mais, se acaba.  Acabar não significa necessariamente que é o fim. Pode, talvez, ser o tempo para ressignificação da nossa existência. Tempo para surgir um novo ser; novo homem e nova mulher. Seres capazes de transcenderem em si mesmos. Sujeitos ternos que consigam aguçar não só a poesia, mas a arte de fazê-la em si mesma.

Viver, é este risco de não sermos tão significantes e apropriados em nós mesmos, como deveríamos ser.  Porém, se não vivermos este risco, maior ainda será o fracasso da vida humana, por não termos a capacidade de enfrentá-la, modificá-la e redimensioná-la.

Se viver é um risco. Devemos viver intensamente nos arriscando para não perdemos o que há de mais belo neste mundo – a relação humana. Oxalá, o amanhecer desta aurora nos refaça com uma nova capacidade de amarmos arriscadamente.  

Crisjoli Fingal 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014


Estes gravetos...
Secos e perdidos
Enfim, pelos cantos
Recolhidos...
Transformaram-se,
Costurados e unidos,
Em simplesmente moradias.
Quiçá a vida
No decorrer dos seus dias
Ajeite os seus gravetos
De forma desmedida.

Crisjoli Fingal